Os mantras em geral são
muito curtos, um breve verso comportando algumas sílabas e com sentido bem
claro. Mas eles também podem consistir numa extensa combinação de sílabas
aparentemente desprovidas de sentido. Os “sons-semente”, formados de uma única
sílaba e que terminam quase sempre por uma nasal, como o “m” ou “n”, constituem mantras ainda mais
complexos e enigmáticos. Dentro desta categoria, o mantra mais conhecido é OM
(AUM), palavra que se diz contém a chave do universo. OM corresponde às três
principais divindades – Brahma, Vishnu e Shiva.
Os mantras são compostos
de diferentes formas. Eles podem ser os produtos de uma inspiração comunicada
diretamente pelo Cosmos ou podem resultar também de uma meditação, e nesse caso,
ser uma emanação do espírito inconsciente de um iogue. Alguns são recolhido
sdiretamente no akasha, o éter cósmico ou memória universal, por adeptos de
altíssimo grau; outros mantras são obras de poetas, cantores ou de místicos.
Muitos mantras, considerados
dentre os mais eficazes, foram compostos através de um dos vários métodos
usados para reduzir a uma curta fórmula hermética toda uma obra importante.
Este procedimento é, às vezes, utilizado em proporções inimagináveis. É desta
forma, por exemplo, que um livro sagrado contendo milhares e milhares de versos
pode ser resumido num só capítulo. Este capítulo pode, em seguida, ser reduzido
a um só parágrafo, depois a um verso, e finalmente, a uma única sílaba. Esta
sílaba última tem um poder tão grande que, de forma análoga a um micro ponto da
moderna computação, encerra a essência de todo o tratado. O domínio desse
mantra conferirá imediatamente ao discípulo uma compreensão intuitiva do
conjunto do texto.
Além de OM, existem
outros mantras do tipo “som-semente”, tais como KRIM, HRIM, VAM, GAM, RAM,
SHRIM, etc., cujas vibrações são inicialmente concentradas e depois projetadas,
seja para o interior de si mesmo, seja para o exterior, na forma de invocações,
ordens, bênçãos com o propósito de agir como instrumento de proteção, de
poderes curativos e armas de defesa.
Os mantras “internas”
são dirigidos para uma parte do corpo, tal como a cabeça, o espaço entre as
sombrancelhas, o plexo solar ou os órgãos sexuais, onde produzem vibrações de
energias precisas. Dessa forma, os mantras orientais dirigidos para o crânio
provocam ressonância nos alvéolos do cérebro, criando um tipo de iluminação
mística. Afirma-se mesmo, na mantra ioga, que certos mantras efetuam uma viagem
circular no corpo humano, e que suas reverberações provocam o desaparecimento
de tecidos usados e gastos, substituindo-os por tecidos novos. Os mantras podem
ser dirigidos para uma parte específica do corpo que tenha necessidade de ser
revigorada ou curada.
Acredita-se que existe
um mantra para todos os estadose todas as doenças e, melhro ainda, para todos
os problemas, de qualquer natureza. Todos podem ser resolvidos com a entoação
dos sons convenientes e apropriados, porque cada mantra é um som, e as
vibrações sonoras constituem a própria base do universo. As doutrinas orientais
atribuem enorme importância ao conhecimento e uso dos mantras.
É comum admitir que os
efeitos de um mantra são reforçados com a repetição do mesmo: a entoação sem
fim da fórmula aumenta o efeito de seus benefícios. O mantra age sobre o
espírito, permitindo gradualmente ao praticante compreender seu significado
profundo. Sua constante repetição, sobretudo quando combinada com os
pranayanas, ou técnicas respiratórias, contribui para suscitar um estado de
transe e provocar uma iluminação mística. O mantra penetra nos reinos
sobrenaturais, e de certa forma, compele os deuses a responder às preces que
lhes são feitas. Se uma pessoa repete (com correção) cem mil vezes um certo
mantra que objetiva poder, homens e mulheres lhe obedecerão implicitamente; se
essa pessoa o repete duzentas mil vezes, ela poderá dominar todos os fenômenos
naturais; com um milhão de vezes, conseguirá a faculdade de viajar através de
todo o universo. Utilizam-se rosários especiais para controlar o número de
repetições. São feitos geralmente de grãos secos, enfiados num cordão.
Por meio de um único mantra
pronunciado em voz alta, ou murmurado, ou repetido mentalmente, pode obter
aquilo que procura, pois todas as coisas são formas de manifestação do som. E o
próprio Brahma é o Som do qual se nutre o universo.Hoje em dia, o uso de
expressões védicas em assuntos místicos, esotéricos, ocultismo, é tão comum que
fazem algumas palavras começarem a ter o seu sentido deturpado, às vezes,
vulgarizado.
Palavras que têm sua
origem no sânscrito, a Língua Mãe, tais como: guru, karma, dharma, samsara,
maya, budha, yoga, nirvana, tantra, mantra, são usadas, muitas vezes, em
sentido completamente corrompido, por pessoas inescrupulosas ou mal informadas.
Entre as palavras
supracitadas, o mantra, circunstancialmente vem sendo confundido com palavras
mágicas, orações, fórmula milagrosa, feitiçaria, ou mera superstição,
completamente distante de seu sentido real e científico.
O mantra não é um oração
porque nelas o devoto escolhe as suas próprias palavras. O mantra não é mágica
porque não deve ser usado para interferir no curso dos fenômenos naturais e nem
se trata de fórmula milagrosa porque é uma regra, uma lei, e não um fato
isolado sem explicação.
Os mantras são
tecnicamente estudados no Tantra Shastra (escritura védicas apropriadas para a
era atual, Kali-yuga). Os mantras são representações sonoras das Divindades,
assim como as imagens são Suas representações formais. O nosso mundo é
constituído de nomes e formas (namarupa).
No princípio era o Verbo
(OM), e o Verbo estava com Deus (Brahman), e o Verbo era Deua... Todas as
coisas foram feitas por intermédio Dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez
(João 1.1-3).
Nas escrituras védcas
aprendemos que o mantra original é o OM, formado pelas três letras A. U. M,
significando: Brahma, Vishnu, Shiva – o princípio da criação, manutenção e
dissolução (ou absorção) do Universo.
Do OM saem todos os
demais mantras, conforme ensina a ciência do Mantravidya, que podem ser
constituídos por algumas das 50 letras do alfabeto sânscrito chamadas de
matrikas (matrizes, ou mãezinhas). Os mantras monossilábicos são chamados de
vijas (semente) e são vocábulos inestimológicos. O OM é o bija que dá origem
aos demais bijas tântricos.
É ensinado que o Mantra
é formado por um conjunto ordenado de letras em certa e determinada seqüência
sonora. Para que produza os efeitos específicos é necessário entonação
apropriada com relação ao som e ritmo. Se o mantra for traduzido, ele perde a
sua potência como tal (shakti), tornando-se mera palabra ou frase.
Nota: os mantras devem
ser pronunciados somente na língua sânscrito.
O mantra precisa ser
despertado (prabuddha) do mesmo modo que qualquer forma de energia (shakti)
para se obter o resultado esperado. O conhecimento do seu significado é uma
condição necessária, mas não suficiente, para produzir bons frutos. De igual
modo, uma devoção ignorante não é uma condição ideal. O princípio é a união do
som com a idéia através do conhecimento do mantra e seu significado, ou seja,
se unifica com o objeto em que concentra a sua mente.
O mantra no qual a
Deidade se revelou pode revelá-la para o devoto iluminado ou para iluminá-lo. O
mantra é a Divindade em forma de vibração sonora. Mediante a recitação (japa)
constante do mantra se atinge o Mantrasiddhi (perfeição) que é quando o devoto
alcança a unidade com o seu objeto de culto, a Divindade do seu mantra. Nesta
unidade, o sadhaka (devoto) torna-se um mantrasiddha. A japa é feita em estado
de recolhimento e meditação, absorção no mantra para, no final, ser absorvido
na Divindade. Não tem nada haver com a crítica que Jesus fez às vãs repetições;
ele se referia exatamente às vãs repetição e não às práticas mântricas em
estado meditativo.
Esta é a prática
(sadhana) recomendada pelo Tantra Shastra e confirmada por diversos Avatares
para esta nova era (yuga). Ela não é um processo de repetição mecânica, pois de
nada adiantaria. Diz-se que a prática da japa é como o homem que sacode o outro
para acordá-lo, despertá-lo. Os Tântricos ensinam-nos que os lábios do devoto
ao se movimentarem para pronunciarem o mantra são como Shiva e Shakti em
maithuna (relação sexual), que finalmente concebem a Deidade adorável do
devoto. Deidade esta que é uma expansão do Absoluto (Brahmam), que por amor aos
Seus devotos manifesta-se neste mundo de formas e nomes. Nesta ocasião, o
iniciado diz: Eu e o Pai, somos um só. Eu Sou.
"O mantra não é um oração porque nelas o devoto escolhe as suas próprias palavras. O mantra não é mágica porque não deve ser usado para interferir no curso dos fenômenos naturais e nem se trata de fórmula milagrosa porque é uma regra, uma lei, e não um fato isolado sem explicação."
ResponderExcluirMesmo que o mantra não DEVA ser usado para interferir no curso dos fenômenos naturais, ele PODE ser usado para isso.
Então, o mantra é, também, uma fórmula mágica.É o que me parece.
Alguém pode responder?Alguém pode me orientar?